
A CIDADE IMPURA
URBANISMO E SAÚDE
Em palavras do próprio autor, A cidade impura “usa a tuberculose como uma espécie de espelho de alguns aspectos constitutivos da Buenos Aires moderna entre 1870 e 1950”. Seus nove capítulos desenvolvem temas que vão dos aspectos urbanos, os grupos populacionais relacionados com seus estilos de vida, até uma visão mais biomédica. “Em 1955, Elda G., que tinha 10 anos, morava em um bairro de Buenos Aires com seus pais, imigrantes italianos semianalfabetos... sentia-se tuberculosa e por essa razão moribunda”. Estas linhas são parte de uma primeira descrição que resume a visão e os medos associados à enfermidade na época e inclui várias das questões que serão desenvolvidas no livro. O autor considera que existe uma historiografia surgida há trinta anos que concebe “a enfermidade como objeto de reflexão por parte das ciências sociais e das humanidades”. Encontra três possíveis abordagens: a história da medicina, que inclui o conhecimento biomédico e seu contexto e aqueles tratamentos bem-sucedidos contrastados com os que “falharam”; a história da saúde pública que faz foco no poder, na política, no estado e na profissão; e a história sociocultural da enfermidade que inclui o ponto de vista de historiadores, demógrafos, sociólogos, antropólogos e críticos culturais. Estas diferentes perspectivas aparecem muitas vezes dissimuladas ao longo dos capítulos. O capítulo 1 “Tuberculose e regeneração: cidades imaginadas, verde urbano e moradia higiênica” formula sua relação com as cidades ideais e imaginadas: a visão higienista e a cidade verde. Os grupos populacionais como as crianças, as mulheres e os imigrantes ocupam os próximos capítulos. Os aspectos relacionados com os estilos de vida e como habitar com os excessos – sexualidade e álcool – ou a cultura da higiene são desenvolvidos nos capítulos subsequentes. A visão biomédica é concebida também como problema em relação com o Estado e com as instituições e, nos últimos dois capítulos, como problema médico propriamente dito. O epílogo retoma o relato de Elda G. da introdução, agora uma mulher madura com filhos, e ilustra através de sua história pessoal todas as mudanças acontecidas em quatro décadas até a situação atual da enfermidade. O livro completa-se com ilustrações, documentos, fotografias, publicidades e cartazes de várias das questões expostas nos diferentes capítulos.
A CIDADE IMPURA
Saúde, tuberculose e cultura em Buenos Aires, 1870-1950
Diego Armus
Editorial: Edhasa
15,5 x 22,5 cm, 416 páginas
2007, Argentina
(em espanhol)